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Como a polícia frustrou a maior fuga da história dos presídios do RS

— É a polícia, sai do túnel. — Calma. É comprido (o túnel, o que justificaria certa demora para percorrê-lo) e tem mais gente lá atrás. — Que gente?! (Poderiam já ser presidiários em fuga) — Não, não. É gente só daqui. Foi assim, na manhã desta quarta-feira, o tenso diálogo entre delegados do Departamento Estadual do Narcotráfico (Denarc) e criminosos que construíam um túnel para facilitar a fuga de, pelo menos, 200 detentos do Presídio Central da Capital. Naquele momento, além de frustrar o que poderia ser o maior episódio de fuga do sistema penitenciário do Estado, a Polícia Civil dava fim a uma angústia que assombrou autoridades nos últimos três meses: a de que uma escapada em massa estava prestes a ocorrer sem que pudesse ser impedida. A polícia tinha a informação, mas não sabia quando nem onde poderia ocorrer. Apenas cinco pessoas conheciam a ameaça: o secretário da Segurança Pública, Cezar Schirmer, e quatro delegados — o chefe de polícia, Emerson Wendt, o diretor do Denarc, Odival Soares, o diretor de investigações do Denarc, Mário Souza e o titular da 3ª Delegacia de Investigações do Narcotráfico e que conduziu a apuração, Rafael Pereira. — Foram meses difíceis. Não dormíamos, sempre pensando que ia acontecer e não íamos impedir. Mesmo de férias, voltávamos para trabalhar. Só tivemos certeza quando entramos na casa e achamos o buraco — desabafou Mário Souza. Responsável por juntar as peças do quebra-cabeças e minar o plano, o delegado Pereira também perdeu noites de sono. E uma delas foi a de terça para esta quarta-feira. Ele ficou até o começo da madrugada no plantão do Judiciário para conseguir os mandados de busca e apreensão. Tinha de convencer o magistrado de que estava certo. — Eu disse que sabia que era verdade, mas sem ter, naquele momento, elementos para provar 100% de que o local era ali. O resto da madrugada foi de preparação para aquela que os delegados definem ser a missão mais complexa e perigosa que enfrentaram. Na casa simples situada ao lado do Central estavam oito pessoas — sete homens e uma mulher. Quatro homens trabalhavam no túnel quando o local foi invadido por 30 policiais. Nenhuma arma achada, mas um arsenal de materiais de escavação, sistema de luz, bombeamento de água e refrigeração impressionou policiais. E acabava ali o plano que vinha sendo tramado e foi financiado pela facção criminosa Os Manos. A polícia acredita que o grupo investiu cerca de R$ 1 milhão para comprar a casa ao lado do presídio, pagar os pedreiros e bancar todos equipamentos usados, além da estrutura de carros e de alimentação. O grupo pretendia recuperar parte do investimento vendendo "vagas" para fuga. Havia ordem hierárquica para a escapada: sairiam primeiro os lideres da facção, depois integrantes próximos da cúpula e, por fim, ofereceriam espaço para outros detentos não-inimigos. A suspeita é de que o passe à liberdade seria de R$ 5 mil.

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